quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Lilith Balangandã






Lilith Balangandã 



Ponho o lenço do pescoço na cabeça
Molho os cabelos com calma
uma mulher é uma espécie de alma com enfeite
Chega diante do espelho
adorna-se como uma árvore de natal
nem é natal
mas ela vai dar bola
Às vezes não varre o quintal
mas pinta as maçãs
blushes ruges
Às vezes não costura
mas realça cortinas
cílios rímel lápis
Às vezes não conserta as portas
mas pinta as bordas das janelas
pálpebras delineador sombra
Mulher é uma Eva encantada
de espalhar-se por fora
em paraíso
batom cintura tesão juízo
pulseiras brincos balangandãs
são seus sonhos de fachada
que repetem de dentro
que rondam a porta da casa
Invento de princesa


Durante todas as primaveras
um cardume de cinderelas

ainda insiste dentro dela.



(Elisa Lucinda)

domingo, 27 de setembro de 2009

Essa Mulher



Essa Mulher

ela quer viver sozinha
sem a sua companhia
e você ainda quer essa mulher


ela goza com o sabonete
não precisa de você
ela goza com a mão
não precisa do seu pau

ela quer viver sozinha
sem a sua companhia
e você ainda quer essa mulher

que não sente a sua falta
e quando você chega em casa
ela não sente a sua presença


ela tem um travesseiro
mais macio do que o seu braço
e um acolchoado
muito mais quente que o seu abraço

ela quer viver sozinha
sem a sua companhia
e você ainda quer essa mulher

(Arnaldo Antunes)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Momento de gratidão: COLHEITA E SACRIFÍCIO


É o silêncio

É o silêncio, é o cigarro e a vela acesa.
Olha-me a estante em cada livro que olha.
E a luz nalgum volume sobre a mesa…
Mas o sangue da luz em cada folha.

Não sei se é mesmo a minha mão que molha
A pena, ou mesmo o instinto que a tem presa.
Penso um presente, num passado. E enfolha
A natureza tua natureza.
Mas é um bulir das cousas… Comovido

Pego da pena, iludo-me que traço
A ilusão de um sentido e outro sentido.
Tão longe vai!
Tão longe se aveluda esse teu passo,

Asa que o ouvido anima…
E a câmara muda. E a sala muda, muda…
Àfonamente rufa. A asa da rima
Paira-me no ar. Quedo-me como um Buda

Novo, um fantasma ao som que se aproxima.
Cresce-me a estante como quem sacuda
Um pesadelo de papéis acima…

E abro a janela. Ainda a lua esfia
últimas notas trêmulas… O dia
Tarde florescerá pela montanha.
E ó minha amada, o sentimento é cego…
Vês? Colaboram na saudade a aranha,
Patas de um gato e as asas de um morcego.

Pedro Kilkerry
(1855-1917)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A música da minha vida...


"Little Girl Blue"



Sit there, hmm, count your fingers.


What else, what else is there to do ?


Oh and I know how you feel,

I know you feel that you’re through.



Oh wah wah ah sit there, hmm, count,


Ah, count your little fingers,


My unhappy oh little girl, little girl blue, yeah. 

Oh sit there, oh count those raindrops

Oh, feel ’em falling down, oh honey all around you.
Honey don’t you know it’s time,
I feel it’s time,
Somebody told you ‘cause you got to know
That all you ever gonna have to count on
Or gonna wanna lean on
It’s gonna feel just like those raindrops do
When they’re falling down, honey, all around you.
Oh, I know you’re unhappy. 


Oh sit there, ah go on, go on
And count your fingers.
I don’t know what else, what else
Honey have you got to do.
And I know how you feel,
And I know you ain’t got no reason to go on
And I know you feel that you must be through.
Oh honey, go on and sit right back down,
I want you to count, oh count your fingers,
Ah my unhappy, my unlucky
And my little, oh, girl blue.
I know you’re unhappy,
Ooh ah, honey I know,
Baby I know just how you feel.


(Janis Lyn Joplin)


quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Auto-Retrato


Alguém diz que sou bondosa:
está tão enganado que dá pena.
Alguém diz que sou severa,

e acho graça.
Não sou áspera nem amena:

estou na vida como o jardineiro
que se entrega em cada rosa:

corte, sangue, dor e aroma
para que a beleza fique na memória
quando a flor passar.

(Amar é lidar com os espinhos de quem se ama por inteiro: 

com força, não com fraqueza.)



(Lya Luft)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Ando Só...

Ando só
pois só eu sei
pra onde ir
por onde andei
ando só
nem sei por que
não me pergunte
o que eu não sei
pergunte ao pó
desça o porão
siga aquele carro
ou as pegadas que eu deixei
pergunte ao pó
por onde andei
há um mapa dos meus passos
nos pedaços que eu deixei
desate o nó
que te prendeu
a uma pessoa que nunca te mereceu
desate o nó
que nos uniu
num desatino
um desafio
ando só
como um pássaro voando
ando só
como se voasse em bando
ando só
pois só eu sei andar
sem saber até quando

ando só...
(Composição: Humberto Gessinger)

domingo, 13 de setembro de 2009

LABIRINTOS

O "Labirinto" pintado por Salvador Dali é surreal!!!
Surreal também é nossa vida...
Cheia de idas e voltas
Cheia de companhias e ausências
Cheia de vitórias e derrotas
Repleta de luz e sombras
Repleta de caos e ordem
Repleta de fé e ceticismo
O labirinto...
da nossa ida ao ventre
da nossa vinda ao mundo
da nossa busca por sobrevivência
da nossa busca para entender a morte
da mente confusa
do corpo difuso 
É um labirinto andar na multidão
Encontrar alguém para te dar a mão
É um labirinto escolher a profissão
Tentar manter acessa a paixão
É um labirinto o caminho do ar
Inspirar e expirar
É um labirinto continuar a caminhar
Sem ter a certeza que rumo a vida tomará!!!
(Aracni)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Resoluções da Sacerdotisa

Que eu seja como a que tece o pano na floresta, 
profundamente escondida...
Que eu conheça a procissão sazonada 
do meu espírito e do meu corpo 
e possa celebrar os quartos em cruz, 
solstícios e equinócios...
Que cada Lua Cheia me encontre a olhar para cima, 
nas árvores desenhadas no céu luminoso....
Que eu fale a verdade sobre a alegria e a dor,
 em canções que soem como o aroma do alecrim, 
como todo o dia e na antiguidade, 
erva forte de cozinha...
Que eu não me incline 
à auto-integridade e à autopiedade...
Que meu olhar seja direto e minha mão firme...
Que eu possa conservar a fé, sempre...
Que eu saiba que não tenho opção, 
e assim mesmo escolha como a cantiga é feita, 
em alegria e com amor...
Que eu faça a mesma escolha todos os dias, 
e de novo...
Quando falhar, 
que eu me conceda o perdão...
Que eu dance nua, 
sem medo de enfrentar meu próprio reflexo.

( trechos de "Resoluções da Bruxa" de Rae Beth)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Anúbis: Deus Chacal


Eu Anúbis,
Também conhecido como Anupu, ou  Anpu
Sou o antigo deus egípcio da morte e dos moribundos,
por vezes também considerado deus do submundo.

Guardião das almas,
juiz dos mortos
e abridor de caminhos

O karma e o dharma são regidos por mim
Guio a alma dos mortos desde o seu desencarne
até o seu  julgamento
Protegendo-a de todos os perigos existentes
ao longo deste árduo caminho.

No Além 
peso o coração dos seres 
contra a pena de Maat
Osíris preside o tribunal e ouvi a confissão dos pecados
Thoth registra no papiro 
e os quarenta e dois juízes cuidam de tais confissões.

Deus do embalsamamento,
Presido às mumificações
Guardo as necrópoles e as tumbas.

"Eu sou o luminoso Ar
Que os alentos leva
Aos Veneráveis Seres
Até os confins dos Céus,
Até o fim da Terra!"

(Aracni)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Ísis: Senhora do Trono


Senhora dos Dez Mil Nomes

Ela muda tudo que ela toca
Muda a si mesma
E a mesmice não a comove

Ela toca tudo que ela muda..

Quantas cidades visitou?
Quantos países viu ruir?
Quantas pessoas deu a luz?
Quantos fios vitais fez partir?


Toca os sentidos, a forma, a cor, a razão
Modifica o curso das coisas
A ponto de indagarmos 

se este também não era parte do plano

O plano do plano se desfaz
Tira o pano, o véu e até o gosto de fel
Não dá para lamentar o seu sutil dedilhar
Ela toca e muda

Fico muda
a mim só resta aprender
a ouvir o eco do seu toque...
e o sussurro de suas doces canções de ninar!!! 



(Aracni)

Néftis: Senhora do Templo


Néftis
Mãe do "fim" e da "vitória"
Senhora dos Palácios, Dama da Casa
Regente das artes mágicas, dos conhecimentos secretos,
Dos oráculos e das profecias.

Reveladora
Divina carpideira
Deusa guardiã

Senhora do pôr-do-sol, dos túmulos e da morte.
Denomina o que está embaixo da terra e que não se vê
Tem o poder de desintegração e da reprodução
Sua face na Lua Nova
Se compadece e compreende as fraquezas humanas.

Reveladora
Divina carpideira
Deusa guardiã

Seu aconselhamento é justo e sábio.
Seu ventre oculta toda a força do feminino
Em sua mais abnegada e sedutora expressão
Está no início e no fim
Nas coisas ocultas, na intuição, nos sonhos e no silêncio.

Reveladora
Divina carpideira
Deusa guardiã

Como divindade do mundo funerário
As madeixas do seu cabelo 
São as faixas que mumificam o defunto.
Representa a compreensão 
Que nasceu do amor sem fronteiras...

Revele-Me!
Enxugue-me as lágrimas!!
Guarde-me!!!

(Aracni)

Toth, Tot, Tôt ou Thoth

Djehut, Zehuti

Deus da sabedoria
Cordato deus babuíno
Escriba com cabeça de íbis

Senhor da lua
Silencioso e belo da noite
Patrono dos escribas, médicos e sacerdotes

Amante da verdade, da lei e do número
 Assistente e secretário-arquivista dos deuses
Sábio do conhecimento oculto e da medição temporal

Me abençoe com o intelecto divino
Para que sua pena anote bons resultados
Da pesagem do meu coração  no Tribunal de Osíris.


(Aracni)

Amor? E a roda vai girando... vai girando...

Saudades
Do seu sorriso que parecia eterno
Da sua força que parecia infinita
Do seu olhar que me enaltecia
Do seu carinho que me inebriava

Saudades
De quem fui quando te olhei pela primeira vez
De todas as mensagens e a alegria que cada uma causou
De simplesmente amar você
De dar e receber sem proporções

Saudades
De quem fui
De quem foi

Saudades
De suas mãos
De minhas mãos nas suas mãos

Saudades
De viver o que passou
De sentir o que só na mente vivo ficou!!!

(Aracni)

domingo, 6 de setembro de 2009

SECHAT/SESHAT: Irmã de Mafdet



Sechat ou Seshat


A irmã gêmea de Mafdet

É uma das formas da Deusa Néftis

O seu nome significa "a que escreve"


Vista como companheira ou filha de Tot

Enquanto Tot representa o conhecimento oculto,

Sechat representa o conhecimento visível, que se concretiza


Uma deusa do Destino , da história , dos escribas ,

da escrita, da arquitetura, da medição do tempo,

da matemática, da aritmética, da astronomia


"Secretária"

"Bibliotecária"

"Senhora dos Livros"

"Senhora dos Construtores"

"Senhora da Casa dos Arquitetos"


"Dama da Casa dos Livros"

“Guardiã dos arquivos celestiais”

“Responsável pelos arquivos do céu”

“Padroeira dos arquitetos e construtores”

Safek-Aubi "Aquela que usa os dois cornos"


Seshat ajuda na aplicação do conhecimento, na técnica

Habituada a lidar com o tempo e com os números

Verificava os registros numéricos


Através dela que a sabedoria milenar pode ser mostrada aos homens

e pode ficar registrada assim para a eternidade!!!


(Aracni)