quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Retrato do AGORA...

Vacilo pelas ruas e as coisas.
Nada conta nem tem nome.
O mundo é do ar que espero
E conheço salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se dependem,
Perguntas que insistem na areia.
Tudo está vazio, morto e mudo.
Caído, abandonado, decaído,
Tudo é inalienavelmente alheio.
Tudo é dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encham o outono...

(Parafraseando a poesia "A Dança")

"A Dança" de Pablo Neruda



Não te amo como se fosses a rosa de sal, topázio
Ou flechas de cravos que propagam o fogo:
Te amo como se amam certas coisas obscuras,
Secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
Dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
E graças a teu amor vive escuro em meu corpo
O apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
Te amo assim diretamente sem problemas nem orgulho:
Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
Senão assim deste modo que não sou nem és,
Tão perto que tua mão sobre o meu peito é minha,
Tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

Antes de amar-te, amor, nada era meu:
Vacilei pelas ruas e as coisas.
Nada contava nem tinha nome.
O mundo era do ar que esperava
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se dependiam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo.
Caído, abandonado, decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio.
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

E Eis...


E eis que em breve nos separaremos


E a verdade espantada é que eu sempre estive só de ti e não sabia


Eu agora sei, eu sou só


Eu e minha liberdade que não sei usar


Mas, eu assumo a minha solidão


Sou só, e tenho que viver uma certa glória íntima e silenciosa


Guardo teu nome em segredo


Preciso de segredos para viver


E eis que depois de uma tarde de quem sou eu


E de acordar a uma hora da madrugada em desespero


Eis que as três horas da madrugada, acordei e me encontrei


Fui ao encontro de mim, calma, alegre, plenitude sem fulminação


Simplesmente eu sou eu, e você é você


É lindo, é vasto, vai durar


Eu não sei muito bem o que vou fazer em seguida


Mas, por enquanto, olha pra mim e me ama


Não, tu olhas pra ti e te amas


É o que está certo


Eu sou antes, eu sou quase, eu sou nunca


E tudo isso ganhei ao deixar de te amar


Escuta! Eu te deixo ser… Deixa-me ser!
(Clarice Lispector)


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Lições da vida:

"...Aprendi com a dor 
nada mais é o amor 
                                                                 que o encontro das águas..."
(Jorge Versilo)

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O que é ser forte?

Alguns acreditam que amar
e suportar qualquer dor com resignação. 
Outros acham que é  ser uma fortaleza
e se esconder por detrás do medo e da solidão.

Ser forte não é ignorar, nem se subjugar.
Acho que sou forte,
mas me vejo ainda mais forte 
quando exponho a minha fragilidade sem temor.

Há uma liberdade sem limites
quando se pode ser inteira
quando nos mostramos por completo
quando nossa sombra toma a cena
e nos a deixamos também protagonizar.

Momentos raros como este são para se celebrar,
pois dói, mas dói ainda mais representar
camuflando uma cicatriz que está o tempo todo a sangrar.
Ignorando sinais, evitando mudanças...
Não quero mais fingir que ela não existe
pois enquanto negar a dor,
estarei me privando de um novo amor!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Miopia amoROSA... Miopia horroROSA!!!

Não existe perfeição...
eu sei que não!
Não busco complementariedade...
nem mesmo duplicidade!
Mas onde está?
Um humano,
o homem,
que sabe ocupar os espaços
sem tirar o meu lugar
sem me sufocar
sem me apertar no canto
sem quebrar os ponteiros do meu analógico
sem enlouquecer o meu relógio biológico!

Um ser,
um humano,
que seja macho
sem que precise ser 
intempestivo,
violento,
ou desleixado...
Entretanto, alguém
que possa me pegar no colo
com quem eu me sinta
menina
feminina 
e mulher!

sábado, 1 de outubro de 2011

Experiência pedagógica

"Todos os atos de amor e prazer são meus rituais"
As palavras têm poder
Ditas são sonorizadas
Escritas são eternizadas
Aprendidas não são apenas codificadas 
mas sentidas
apreendidas 
vivenciadas
viram coisas, objetos, abstrações 
de coisas concretas ou não
Através da alfabetização e do letramento
Aos pequenos deixo o meu tesouro
Ler e escrever pequenos símbolos
que se transformam 
em infinitos labirintos do nosso ser!