segunda-feira, 30 de maio de 2011

Olhos de Ísis

O vinho que te trago,
tenho que provar primeiro
será que vale estar
no seu lugar?
Por que é que todo mundo
anda armado o tempo inteiro?
eu não trago a maldade
em meu olhar

Uma noite assim
de pétalas no chão
os seus lábios guardam
o néctar dos céus
a naja da cobiça
nos espreita à escuridão
e o veneno da inveja
depurando o moscatel

A beleza é uma
arma em suas mãos
se dissolvem minhas defesas
caem os véus
destila ingredientes
inflamáveis à emoção
resignação dos crentes
com a audácia dos ateus...

Você é a filha de Osíris
pode volatizar
se transforma em arco-íris
só pra me apaixonar

Se não finca raízes
por que eu me entreguei?
tem os olhos de Ísis
é seu meu destino
eu sei...

Se o que produz a mente
o universo concretiza
por que deixamos sempre
pra depois?
A força das estrelas
sua janela canaliza
e o zênite que existe
entre nós dois?

(Jorge Versillo)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

D MIM...

Há dentro de mim 
uma inquietação
algo que não tem nome
rosto, cor, corpo

algo que não tem tamanho
mas é grande

algo que não tem volume
mas pesa

algo que não é concreto
mas tem vida própria

...é incomodo,
dolorido
percebido
e sentido!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

O mistério...

O mistério da mulher 
está em cada afirmação ou abstinência,
na malícia das plausíveis revelações, 

no suborno das silenciosas palavras.

(Henriqueta Lisboa)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Explicações da eternidade

Devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, 
o amor transforma-se em tempo, 
a dor transforma-se em tempo.

Os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.

Por si só, o tempo não é nada.
A idade de nada é nada.
A eternidade não existe.
No entanto, a eternidade existe.

Os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
Os instantes do teu sorriso eram eternos.
Os instantes do teu corpo de luz eram eternos.

Foste eternO até ao fim.

José Luís Peixoto, in "A Casa, A Escuridão"


Meu mundo...


Meu mundo
pintado de rostos importantes


alguns amados
outros admirados


poucos esquecidos
alguns ainda desejados


tantos pelo tempo modificados


sentimentos que brincam em uma gangorra


ora quero ora esqueço que quero
vezes me entrego outras vezes espero


vênus em gêmeos
e ascendente geminiano
se tenho dúvidas
aparento ter ainda mais dúvidas


coisas que aos poucos a maturidade vai levando
sei que quase nunca sou compreendida
então, ouso me calar mais
ouvir mais
e me entender mais


Eu tento me entender verdadeiramente,
mesmo que isto corte, doa ou me modifique completamente
mesmo que com isto eu morra, me inicie e reinicie


... quando sigo, olho para trás e diversas vezes voltei atrás...
pisei nos passos que foram dados,
pois apesar de inconstante, rebelde e inconseqüente
a pessoa que fui me faz feliz!


A pessoa que sou segue
abraçada a uma sombra
quase disforme
de uma lembrança


que me edifica
me fortalece
e me conforta!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

PUXANDO OS FIOS DA TEIA

Estou na TPM!!!
Frase constante em bocas femininas
quantas vezes eu a isto repeti
querendo dizer uma única
e mesma coisa:
dor, agonia, descontrole!!!
Ou seja, 
sinto uma dor que me dá agonia e descontrole
... mas hoje...
algo mudou!
sinto dor,
mas além da dor
uma sensação de alegria
de que tudo posso neste dia
como se qualquer problema
se diluísse pela minha simples vontade
e é assim...
mas absorta neste mundo 
de pessimismo e agilidade
estou perdendo a noção de realidade
e vivendo uma realidade distinta da minha.
Da minha realidade...
mágica
intensa
profunda
sagrada
pagã
... me sinto forte para voar
livre para caminhar
leve para rezar
e pronta para abraçar
possibilidades!

sábado, 14 de maio de 2011

Navegando em lembrança, sentimentos e palavras!

Queria...
Queria escrever uma canção bela
bem linda
colorida
que falasse de amores,
sonhos e viagens possíveis
que me carregasse para longe 
e te trouxesse para mim
que movesse meus pés do chão
e me levasse ao mar
que me banhasse a alma
e molhasse meu espírito
me fazendo criança novamente
e me aliviando da carga da maturidade!

Queria...
Queria escrever um poema sem rimas,
mas que fosse a melodia mais tocante para seu olhar
que fizesse você me olhar e me enxergar
que provocasse em você a paixão que está a me queimar
que te tirasse a racionalidade
e te presenteasse com um sentimento maior do que o hoje
que curasse antigas feridas
e abrisse espaço para as possibilidades da 1ª pessoa do plural 
em nossas vidas!

e assim...
Eu me sentiria
não apenas
compositora
sonhadora
poetisa
menina
eu seria uma mulher caminhando para o amor!!!


segunda-feira, 9 de maio de 2011

Todo dia...

Que eu possa ser hoje, amanhã e todo dia... num dia qualquer
menina precoce, sábia mulher
de saia curta e mesmo quando me aparecer brancos fios
possa eu me sentir:

Especialmente eterna
eternamente divina
uma menina gigante
uma mulher pequenina

Deusa de meus passos
senhora de minhas dores
dona de de.sabores
sedenta de grandes amores

... que assim eu possa...
hoje, amanhã e todo dia... SEr!


sábado, 7 de maio de 2011

Para toda e qualquer mãe!


(Este texto emocionante foi escrito por Lya Luft 
para toda e qualquer mãe)
Que nossa vida, meus filhos, tecida de encontros e desencontros, como a de todo mundo, tenha por baixo um rio de águas generosas, um entendimento acima das palavras e um afeto além dos gestos – algo que só pode nascer entre nós. Que quando eu me aproxime, meu filho, você não se encolha nem um milímetro com medo de voltar a ser menino, você que já é um homem. Que quando eu a olhe, minha filha, você não se sinta criticada ou avaliada, mas simplesmente adorada, como desde o primeiro instante.

Que, quando se lembrarem de sua infância, não recordem os dias difíceis (vocês nem sabiam), o trabalho cansativo, a saúde não tão boa, o casamento numa pequena ou grande crise, os nervos à flor da pele – aqueles dias em que, até hoje arrependida, dei um tapa que ainda agora dói em mim, ou disse uma palavra injusta. Lembrem-se dos deliciosos momentos em família, das risadas, das histórias na hora de dormir, do bolo que embatumou, mas que vocês, pequenos, comeram dizendo que estava maravilhoso. Que pensando em sua adolescência não recordem minhas distrações, minhas imperfeições e impropriedades, mas as caminhadas pela praia, o sorvete na esquina, a lição de casa na mesa de jantar, a sensação de aconchego, sentados na sala cada um com sua ocupação.

Que quando precisarem de mim, meus filhos, vocês nunca hesitem em chamar: mãe! Seja para prender um botão de camisa, ficar com uma criança, segurar a mão, tentar fazer baixar a febre, socorrer com qualquer tipo de recurso, ou apenas escutar alguma queixa ou preocupação. Não é preciso constrangerem-se de ser filhos querendo mãe, só porque vocês também já estão grisalhos, ou com filhos crescidos, com suas alegrias e dores, como eu tenho e tive as minhas. Que, independendo da hora e do lugar, a gente se sinta bem pensando no outro. Que essa consciência faça expandir-se a vida e o coração, na certeza de que aquela pessoa, seja onde for, vai saber entender; o que não entender vai absorver; e o que não absorver vai enfeitar e tornar bom.

Que quando nos afastarmos isso seja sem dilaceramento, ainda que com passageira tristeza, porque todos devem seguir seu caminho, mesmo que isso signifique alguma distância: e que todo reencontro seja de grandes abraços e boas risadas. Esse é um tipo de amor que independe de presença e tempo. Que quando estivermos juntos vocês encarem com algum bom humor e muita naturalidade se houver raízes grisalhas no meu cabelo, se eu começar a repetir histórias, e se tantas vezes só de olhar para vocês meus olhos se encherem de lágrimas: serão apenas de alegria porque vocês estão aí. Que quando pareço mais cansada vocês não tenham receio de que eu precise de mais ajuda do que vocês podem me dar: provavelmente não precisarei de mais apoio do que do seu carinho, da sua atenção natural e jamais forçada. E, se precisar de mais que isso, não se culpem se por vezes for difícil, ou trabalhoso ou tedioso, se lhes causar susto ou dor: as coisas são assim. Que, se um dia eu começar a me confundir, esse eventual efeito de um longo tempo de vida não os assuste: tentem entrar no meu novo mundo, sem drama nem culpa, mesmo quando se impacientarem. Toda a transformação do nascimento à morte é um dom da natureza, e uma forma de crescimento.

Que em qualquer momento, meus filhos, sendo eu qualquer mãe, de qualquer raça, credo, idade ou instrução, vocês possam perceber em mim, ainda que numa cintilação breve, a inapagável sensação de quando vocês foram colocados pela primeira vez nos meus braços: misto de susto, plenitude e ternura, maior e mais importante do que todas as glórias da arte e da ciência, mais sério do que as tentativas dos filósofos de explicar os enigmas da existência. A sensação que vinha do seu cheiro, da sua pele, de seu rostinho, e da consciência de que ali havia, a partir de mim e desse amor, uma nova pessoa, com seu destino e sua vida, nesta bela e complicada terra. E assim sendo, meus filhos, vocês terão sempre me dado muito mais do que esperei ou mereci ou imaginei ter.
                               Parabéns a todos por suas mães e 
                                parabéns a todas que são mães!!!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Integrar... nos!

Dance na finitude do meu corpo
e sinta a completude 
do que não ousarei
nomear!!!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Novo... fim... Fim novo... fim... novo!

"...Diz-se que tudo que procuramos também está à nossa procura;
que, se ficarmos bem quietos,
o que procuramos nos encontrará.
Ele está esperando por nós há muito tempo.
Depois que ele aparecer,
não devemos fugir.
Descansemos.
Vejamos o que acontece em seguida..."

'... A única confiança necessária é a de saber que,
quando ocorre um final,
vai surgir um novo começo..."

"... uma delicada expiração (um término) e inspiração (um início)"

(Clarice Pinkola)

terça-feira, 3 de maio de 2011

Sagrado...

"Todos os atos
de amor e prazer
são meus rituais!!!"

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Oração à Deusa

Senhora,
Acorda o meu espírito,
Abre a minha visão,
Esteja em meu peito e em todas as minhas ações,
Preenche o meu coração,
Acalma as minhas emoções,
Abençoa a minha sexualidade e a minha criatividade,
E me acolhe no Teu amor.

(Oração passada por Kathy Jones, em Glastonbury,
traduzida por Iolita Bampi, do Grupo Yggdrasil)

domingo, 1 de maio de 2011

Como a mulher sabe que perdoou?

Você passa a sentir tristeza a respeito da circunstância, em vez de raiva.
Você passa a sentir pena da pessoa em vez de irritação.
Você passa a não se lembrar de mais nada a dizer a respeito daquilo tudo.
Você compreende o sofrimento que provocou a ofensa.
Você prefere se manter fora daquele meio.
Você não espera por nada.
Você não quer nada.
Não há no seu tornozelo nenhuma armadilha de laço que se estende desde lá longe até aqui.
Você está livre para ir e vir. 
Pode ser que tudo não tenha acabado em "viveram felizes para sempre",
mas sem a menor dúvida existe de hoje em diante um novo "era uma vez" à sua espera.


(Mulheres que correm com lobos
Clarissa Pinkola Estés
página 461)