sábado, 30 de abril de 2011

Empatia musical, empatia sentimental!!!

Que tristeza!!!
Como num espelho
grande e nítido
apesar de não estar próxima
tão próxima a ponto de olhar em seus olhos
pude sentir sua tristeza me tocando
e consumindo o resto de alegria que em mim trazia!
te ver assim tão triste...
ouvir sua voz melancólica...
perceber seus olhos distantes e vazios 
repletos de salgadas águas e alguma dor!
...Doeu em mim...
dor que não sei ao certo o que é,
mas senti em meu peito
quando acenou
a dor se espalhou
me apertou
e pude levar comigo
a sua dor...
que não é minha,
mas que parece
refletir o que eu também sinto!


quinta-feira, 28 de abril de 2011

Ensaio de Cores: As Telas e Elas


Paquero ela, ela dança Peggy Lee
Sem luz nenhuma acendo um Free
Quando eu a vi, vi muito mais
do que eu queria enxergar

Que amor é esse que bateu em mim?
Na parede um quadro falso de Klimt











Quem dera ela toda em mim a se tocar
Rompendo o teto todo, a telha e o luar
Quando me despi, rompi minha paz
De tudo sou capaz

Que amor é esse que me causa um nó?
Da parede roubaram um Miró











Pernas, pés, cabelos, peitos lindos que doem a íris
Meu erro, minha escravidão, meu violão, meu Ramirez

Eu não quero mais viver assim
Eu não quero mais viver assim

Ela pensa que me engana, deixo ela pensar
Daí não dura uma semana ela já quer voltar
Não só aceito e ainda me enfeito
Troco a fronha e o lençol

Que amor é esse que irrompe o mar?
Na parede um traço Renoir









Quem dera ela e mais duas pra misturar
A força que nos prende e solta faz delirar
Quando eu chorei, perdi e ganhei
E agora quem eu sou?

Que amor é esse que me faz querer?
Na parede um autêntico Monet







Bordô, carmim, magenta, cerúleo, azul
Ciúme, desejo, medo, fogo, belo visu

Eu não quero mais viver assim
Eu não quero mais viver assim

(Ana Carolina)

DescreVENDO meu espírito...

Cântigo negro

no vídeo declamação da musa Maria Bethânia


                                                                                 Composição : José Régio


"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!"

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Relembrando velhos escritos...

Desta vez Eros conseguiu
Acertou em cheio sua flecha
Os sentimentos imediatamente apareceram
Primeiro os olhos se moveram juntos
Sempre juntos
Mesmo em direções diferentes 
Estávamos juntos
A boca disse: Sim
Por mais que aconselhasse a minha razão
Meu coração gritou: Sim
As nuvens escureceram porém
Os ciúmes apareceram meu bem
E o amor se rompeu
Eros ficou triste, 
pois pensa que fez o melhor que pode
Apesar de todo o sofrimento
Conto a você em segredo
Ele realmente fez o melhor que pode...
Nós é que não sabemos o que fizemos!

Escrito na ADOROcência!!! rs

terça-feira, 26 de abril de 2011

Erotismo Drummondiano

Amor – pois que é palavra essencial
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúna alma e desejo, membro e vulva.

Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?

O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu completados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.

Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?

Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.

Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue.

E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da própia vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.

E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o climax:
é quando o amor morre de amor, divino.

Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.

Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre.

(Carlos Drummond)

domingo, 24 de abril de 2011

Como me tornei bruxa...

Eu já fui inocente
alegremente sonsa!
Quando me vi no espelho
me achei ...
e narcisista me tornei!
Então fui conduzida por outra mão 
...passivamente...
Foi quando me vi perdida
me sentindo pobrezinha,
fui tomada pela auto-comiseração!
Vivia para agradar subservientemente
minha cegueira 
me fez tola, inconseqüente!
Um dia os deuses antigos encontrei...
Com o amor me deparei!
Me dediquei...
Me iniciei...
após minha morte:
Sacerdotisa me tornei!


(Aracni)


*Baseado no vídeo Branca de Neve narrado por Márcia Tiburi

Toda mulher ou homem ou além... vive 1 conto 100 fadas!

sábado, 23 de abril de 2011

O CÂNTICO DA TERRA

Eu sou a terra, eu sou a vida.

Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.

E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranqüilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos.


(Cora Coralina)

Pra ser minha, sem ser sua...

Longe... do meu lado!

Saudade
dos dedos

Saudades 
de seus desmantelos

Saudade 
do seu sorriso abstrato

Saudades 
da sua presença nu.m quarto

Saudade 
da sua imagem em meus retratos

Saudades 
de filosofar a vida e viver filosoficamente

Saudade
da magia que criava 

Saudades 
da criação mágica que fazia

Saudade
da noite

Saudades 
do dia

Saudade
Saudades
dos dias e das noite
em que vinha e ia 
em que eu ia e te via!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Da chegada do amor...

Sempre quis um amor
que falasse
que soubesse o que sentisse.
Sempre quis um amor que elaborasse

Que quando dormisse
ressonasse confiança
no sopro do sono
e trouxesse beijo
no clarão da amanhecice.

Sempre quis um amor

que coubesse no que me disse.

Sempre quis uma meninice

entre menino e senhor
uma cachorrice
onde tanto pudesse a sem-vergonhice
do macho
quanto a sabedoria do sabedor.

Sempre quis um amor cujo

BOM DIA!
morasse na eternidade de encadear os tempos:
passado presente futuro
coisa da mesma embocadura
sabor da mesma golada.

Sempre quis um amor de goleadas

cuja rede complexa
do pano de fundo dos seres
não assustasse.

Sempre quis um amor

que não se incomodasse
quando a poesia da cama me levasse.

Sempre quis um amor

que não se chateasse
diante das diferenças.

Agora, diante da encomenda

metade de mim rasga afoita
o embrulho
e a outra metade é o
futuro de saber o segredo
que enrola o laço,
é observar
o desenho
do invólucro e compará-lo
com a calma da alma
o seu conteúdo.

Contudo

sempre quis um amor
que me coubesse futuro
e me alternasse em menina e adulto
que ora eu fosse o fácil, o sério
e ora um doce mistério
que ora eu fosse medo-asneira
e ora eu fosse brincadeira
ultra-sonografia do furor,
sempre quis um amor
que sem tensa-corrida-de ocorresse.

Sempre quis um amor

que acontecesse
sem esforço
sem medo da inspiração
por ele acabar.

Sempre quis um amor

de abafar,
(não o caso)
mas cuja demora de ocaso
estivesse imensamente
nas nossas mãos.

Sem senãos.
Sempre quis um amor

com definição de quero
sem o lero-lero da falsa sedução.

Eu sempre disse não

à constituição dos séculos
que diz que o "garantido" amor
é a sua negação.

Sempre quis um amor

que gozasse
e que pouco antes
de chegar a esse céu
se anunciasse.

Sempre quis um amor

que vivesse a felicidade
sem reclamar dela ou disso.

Sempre quis um amor não omisso

e que suas estórias me contasse.

(Elisa Lucinda)